quinta-feira, julho 20, 2006

A Vila da Esperança


Três atores do Grupo Circo - Alegria do Povo somam forças para transformar a vida de uma comunidade

Maria José Sá

Já disse um poeta que, “sonho que se sonha só, é sonho; mas sonho que se sonha junto, vira realidade”. Foi pensando assim que os três atores do Grupo Circo - Alegria do Povo somaram as forças para transformar a realidade de uma comunidade carente na periferia da Cidade de Goiás. Há 12 anos, o mineiro Robson Max de Oliveira e os italianos Pio Campo e Lucia Agostini investiram seus patrimônios pessoais na construção da Vila Esperança.

O grupo adquiriu uma área de 15 mil metros quadrados, que era um depósito de lixo e, aos poucos, eles construíram um verdadeiro império da cultura afro-brasileira.

Pio Campo diz que o projeto nasceu da busca por um sentido mais profundo da vida. Ele é ator, bailarino, coreógrafo e dançaterapeuta. Pio trabalhava com turismo em Milão, e deixou tudo para desenvolver um trabalho artístico com comunidades carentes do Brasil. Aqui, ele conheceu seus companheiros de sonho.

A Vila Esperança tem uma brinquedoteca, com mais de 1.000 brinquedos e jogos didáticos, que atualmente é freqüentada, em média, por 200 crianças com idade entre seis meses e 14 anos.

Uma equipe de animadores culturais promove atividades lúdicas e os atores desenvolvem laboratórios de teatro, dançaterapia, artes plásticas, música e leitura. As crianças recebem merenda e noções de saúde bucal e higiene sanitária.

Os coordenadores optaram pela valorização e o resgate das culturas afro-brasileira e indígena. O tema é constante tanto na arquitetura e decoração como nas atividades didáticas desenvolvidas, incluindo freqüentes comemorações.

Depois da Brinquedoteca Alegria do Povo, o grupo idealizou e construiu dentro da Vila uma escola de ensino fundamental. “Procuramos realizar hoje uma escola com rosto latino-americano e uma escola pública diferente. Queremos ajudar a nascer uma nova geração de cidadãos do mundo, brasileiros orgulhosos de suas origens e valores.”

Tanto a escola como a brinquedoteca são totalmente gratuitas. Os alunos usufruem do contato com a natureza, das atividades artísticas e culturais desenvolvidas pelo grupo e dispõem de toda estrutura dos vários ambientes da Vila, como a Praça dos Ancestrais, o teatro de arena, o memorial da cultura indígena e afro-brasileira, o jardim das formas, parquinho, uma aldeia com cabanas indígenas e muito mais.

A megaestrutura é mantida com o trabalho dos atores e a ajuda de grupos italianos que contribuem com o salário dos funcionários. Os recursos são poucos, mas eles persistem. É um universo de criatividade, onde a capacidade de criação dos artistas é inesgotável.
* Matéria publicada no Jornal Diário da Manhã, de Goiânia, em 6/4/2003
Foto do site: www.vilaesperanca.org

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