sábado, dezembro 28, 2013

Acordes

"Eu diria que não vejo nada e que não sei.
Algo está suspenso. A hora repousa.
Eu quero estar vivo como uma ferida, como um signo,
não mais do que um rumor de coisa nua.
Neste momento nada é confuso e opaco.
Os labirintos são trémulos, transparentes.
Dir-se-ia que atravesso um jardim e toda a vida
repousa entre as forças da cinza
e o fulgor da chama. E adormeço
sentindo a beleza e o tempo, o mesmo arco
iluminado."

António Ramos Rosa, in "Acordes"
*O grande poeta português Antônio Ramos Rosa faleceu ontem, 23 de setembro de 2013

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