sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Penetração do poema das sete faces



(A Carlos Drumond de Andrade)

Ele entrou em mim sem cerimônias
Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu
Na primeira fala eu já falava como se fosse meu
O poema só existe quando pode ser do outro
Quando cabe na vida do outro
Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada
Há apenas frases e desabafos pessoais
Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz
A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas

Te amo porque nunca nos vimos
E me impressiono com o estupendo conhecimento
Que temos um do outro
Carlos, me escuta
Você que dizem ter morrido
Me ressuscitou ontem à tarde
A mim a quem chamam viva
Meu coração volta a ser uma remington disposta
Aprendi outra vez com você
A ouvir o barulho das montanhas
A perceber o silêncio dos carros
Ontem decorei um poema seu
Em cinco minutos
Agora dorme, Carlos.

Elisa Lucinda

*Elisa Lucinda é atriz e escritora brasileira, natural do Espírito Santo. Sua literatura aborda o cotidiano e destaca-se cada vez mais no cenário nacional.

2 comentários:

Vanessa Anacleto disse...

Lindo poema, gosto muito de Lucinda.
Excelente fds!

Su disse...

não conhecia esta faceta


gostei de ler


jocas maradas.sempre