segunda-feira, novembro 02, 2009

Há uma criança na rua


A esta hora, exatamente, há uma criança na rua.
É dever do homem proteger o que cresce,
Cuidar para que não tenha uma infância dispersa pelas ruas,
Evitar que naufrague seu coração de barco,
Sua enorme vontade de pão e chocolate,
Caminhar por seus países de bandidos e tesouros
Pondo-lhe a esperança no lugar da fome.

De outro modo é inútil ensaiar na terra a alegria e o canto,
De outro modo é absurdo porque de nada vale se há uma criança na rua.
Importam duas maneiras de conceber o mundo:
Uma, ser alguém como as outras pessoas ou
Arrancar cegamente dos demais a bolsa.
E a outra, um destino de salvar-se com todos,
Comprometer a vida até o último náufrago.

Como se pode dormir de noite se há uma criança na rua?
Exatamente agora, se chove nas cidades,
Se desce o nevoeiro gelado no ar
E o vento não é nenhuma canção nas janelas,
Não deve andar o mundo com o amor descalço
Levando um diário como uma asa na mão.

Trepando nos trens, provocando-nos o riso,
Golpeando-nos como um anjo de asa cansada,
Não deve andar a vida, recém nascida, já lutando,
A meninice arriscada a um pequeno ganho,
Porque então as mãos são dois fardos inúteis
E o coração, apenas uma má palavra.

Eles esqueceram que há uma criança na rua,
Que há milhões de crianças que vivem na rua
E uma multidão de crianças que cresce nas ruas.
A esta hora, exatamente, há uma criança crescendo.

Eu a vejo apertando seu coração pequeno,
Ohando para todos com seus olhos de fantasia,
Percorrem e olham para o homem rico,
Um relâmpago forte cruza seu olhar,
Porque ninguém protege essa vida que cresce

E o amor se perdeu como uma criança na rua.


*Tradução do poema "Hay un niño en la calle", do poeta argentino Armando Tejada Gomez
*Foto do site http;//nomeiodocaminho.zip.net

6 comentários:

Marcia M. disse...

oi madrinha,saudades um belo poema com um realismo,que é preciso ser mais notado ,bela postagem ,bjs!!!

... "gigi"... disse...

O que me deixa mais triste é saber que ainda existem pais e governo irresponsável. Diz o ECA ( Estatuto da Criança e Adolescente) que é DEVER DO ESTADO E FUNÇÃO DAS FAMÍLIAS, zelar por nossas crianças. Eu tenho muita esperança de que em breve a ONG SOS crianças, possa estar acolhendo o maior número possível de crianças.
A sociedade terá que amenizar a dor desses pequenos irmãozinhos privados de sonhos, já que os responsáveis estão inerte diante da dura realidade.
Parabéns pela escolha do tema, parabéns por trazer em pauta esse assunto.

Beso e muito sucesso, amiga.
Saudades de ti

Anônimo disse...

De quem é a culpa?Sim,porque somos todos culpados(sociedade).Apenas procuramos a facilidade das coisas,acomodamo-nos ao sistema imposto pelos nossos politicos e muitas vezes a uma minoria detentora de dinheiro sujo!
É por isso que aprecio o seu trabalho e a sua personalidade forte e a maneira como afronta e escreve nos seus artigos!É preciso ser tenáz e percistente para continuar esse magnifico trabalho de informaçao,muitas vezes deformada por interesses economicos e outros.

Couragem a caminhad é longa,mas tem sempre os seus frutos!

Bisous

Susana Garcia Ferreira disse...

bonito poema amiga Zéze e muito verdadeiro.Mas não é só uma criança que há na rua ,infelizmente existem muitas mais,muito mais do que só uma criança na rua,e as que não estão na rua possivelmente estão em instituições pq foram abandonadas pelos seus pais ou vivem com os seus pais mas são maltratadas ,tantos casos que existem não é apenas um.
beijinhos amiga

Maria disse...

Sim Susana. Infelizmente, há milhares de crianças nas ruas, em várias partes do mundo. Ao falar de uma criança na rua,o poeta argentino Armando Tejada Gomez usou essa criança para simbolizar todas as outras. A linguagem poética o permite.

Sandra disse...

Ola Zeze!!!
Bom Dia minha amiga!
Tem um lindo selo te esperando. Venha descobrir onde ele está. Olha está em dois lugares.
Venha achar o mapa do tesouro.
Te espero, será um grande prazer compartilhar com vc.
Não esqueça.
Com muito carinho
Sandra

Cenas como estas doi muito de se ver.
Mas não podemos fechar os olhos a elas.