quinta-feira, julho 20, 2006

Os ilustres da cidade

Mineira visionária, ela mudou-se para Campos Verdes bem no início do garimpo, em busca de melhores oportunidades. Quem não conhece a dona Joana do hotel?
Ela sabe absolutamente tudo da cidade, nos mínimos detalhes, que faz questão de contar aos visitantes. A empresária Joana Aparecida e o marido, Wilson Pereira, se mudaram para Campos Verdes antes da emancipação do município.
“Morávamos numa fazenda em Crixás e viemos para cá com as três crianças bem pequenas, o caçula tinha um ano. Construímos nossa casa e 20 quartos de aluguel. Com a febre do garimpo, vinha gente de todo lado, isso aqui parecia um formigueiro”, conta Joana.
“Aqui não tinha nada. Tudo era cerrado. Todo dia chegavam centenas de pessoas em busca das esmeraldas. Meu marido era motorista nessa época, e eu tocava nosso negócio sozinha. Meu filho Franksmar e os irmãos cresceram com a cidade.”
Joana conta que tinha briga por falta de vagas. Havia mais três hotéis, todos lotados. Então, quem chegava fazia barracas de lona pela cidade, porque não tinha onde ficar.
A empresária diz que assistiu o apogeu e a decadência do garimpo. “Crianças andavam pelas ruas brincando com notas de R$ 100,00. Todo mundo tinha dinheiro e gastava sem dó há uma década.”
Beneficiados pelo movimento do garimpo, Joana e o marido construíram o Hotel Campos Verdes, o único familiar que sobreviveu com a decadência financeira do município.
Esperançosa, a empresária aposta na nova fase do garimpo e já se prepara para receber novos investidores em seu estabelecimento. “A partir de maio, quando vai ter a feira das esmeraldas, se vocês quiserem vir para cá, vão ter que ligar com muita antecedência reservando quartos”, avisa.

Recordações
Joana lembra que já hospedou pessoas de todos os tipos. “Desde elegantes investidores estrangeiros a matadores de aluguel. Graças a Deus, nunca tive problema com hóspede. Todos sempre respeitaram o meu estabelecimento e sempre pagaram direitinho.”
A violência também já deixou marcas na jovem cidade. “No auge do garimpo, todo dia tinha um assassinato aqui. A cidade era cercada de policiais. Prostitutas e bebida não podiam entrar. Com a decadência, os baderneiros foram embora e hoje vivemos em paz".

* Matéria publicada no jornal Diário da Manhã, no encarte "Goiás em Raio X" - Campos Verdes

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