Ótima produção argentina, prende a atenção até o final. Roberto Bermudez (Ricardo Darín) é um especialista em Direito criminal cuja vida se torna um caos quando ele se convence de que Gonzalo, um de seus melhores alunos, cometeu um assassinato brutal em frente a Faculdade de Direito. Determinado a descobrir a verdade ele começa uma investigação pessoal que logo vira uma obsessão e o leva inevitavelmente a lugares sombrios. A verdade está próxima, mas a que custo.
segunda-feira, fevereiro 04, 2019
O Juiz
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Filme belíssimo!! Vale a pena ver, e no final ainda tem uma música linda. " A trama gira em torno de um advogado de muito sucesso (Downey Jr.) que volta à cidade em que cresceu para o velório de sua mãe. No local, acaba descobrindo que seu pai, que sofre do Mal de Alzheimer, é apontado pela polícia como suspeito de um crime. Então ele decide defender o pai no tribunal."
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O xadrez das cores
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"O curta O Xadrez das Cores, de Marco Schiavon, foi lançado em 2004 e traz uma história tensa, que se desenvolve como um jogo de xadrez. A temática, séria e profunda, fala prioritariamente de descriminação racial. Entretanto, a história ultrapassa a questão racional e aborda questões como a pobreza, a solidão, a velhice, a perda, e, o que considero mais importante, a superação."
"O curta O Xadrez das Cores, de Marco Schiavon, foi lançado em 2004 e traz uma história tensa, que se desenvolve como um jogo de xadrez. A temática, séria e profunda, fala prioritariamente de descriminação racial. Entretanto, a história ultrapassa a questão racional e aborda questões como a pobreza, a solidão, a velhice, a perda, e, o que considero mais importante, a superação."
O elenco apresenta Anselmo Vasconcellos, Mirian Pyres, Zezeh Barbosa.
A casa de pequenos cubinhos
BlogBlogs.Com.BrA animação japonesa, de apenas 12 minutos, conta a história de um velhinho que vive solitário em uma cidade inundada. À medida que a água sobe, o senhor eleva sua casa com pequenos tijolos em forma de cubos para se manter fora do nível do lago sobre o qual vive. Então, um dia, seu cachimbo favorito cai e vai parar em um andar mais baixo de onde sua real moradia encontrava-se naquele momento. Muito apegado ao cachimbo, ele decide comprar uma roupa de mergulho e ir atrás dele. Ao mergulhar, passa a reviver toda a história dele, de sua família e, claro, a da casa, cujos vários andares (cerca de 10), agora estão todos submersos, exceto o último.
A Casa de Pequenos Cubinhos
Graal
BlogBlogs.Com.Br"Graal
Há uma outra leitura
dentro de cada poema.
Não se contente nunca
com um sentido apenas.
Há na superfície mesmo
escondida nas obviedades,
nas tônicas, nos termos,
nas vírgulas, na sintaxe,
uma pulsação que exala
o mistério das sensações,
uma alguma outra fala
que salta de formas e sons.
Sentidos muitos se tramam
em teias, em redes, impulso
onde o que nos humana
goza ao tocar o oculto." - poema de Eduardo Tornaghi
dentro de cada poema.
Não se contente nunca
com um sentido apenas.
Há na superfície mesmo
escondida nas obviedades,
nas tônicas, nos termos,
nas vírgulas, na sintaxe,
uma pulsação que exala
o mistério das sensações,
uma alguma outra fala
que salta de formas e sons.
Sentidos muitos se tramam
em teias, em redes, impulso
onde o que nos humana
goza ao tocar o oculto." - poema de Eduardo Tornaghi
A fraternidade é vermelha
BlogBlogs.Com.BrAproveitando a folguinha para rever a trilogia das cores do Kieslowski, que só vi no cinema, à época do lançamento, a long time ago.... Sempre achei que o meu preferido fosse "A liberdade é azul", talvez porque eu seja super fã de Juliette Binoche. Mas revendo agora, estou encantada com "A fraternidade é vermelha". Linda visão sobre o limite tênue entre a amizade e o amor. Charmant!
A pequena loja de suicídios
BlogBlogs.Com.BrAnimação deliciosa! Em mundo imerso em depressão e desesperanças, uma família ganha a vida vendendo artigos para ajudar pessoas a cometerem suicídio. Entretanto, os negócios da família enfrentam problemas quando o filho caçula decide mudar de uma vez por todas essa realidade.
O túmulo dos vagalumes
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Mais uma animação japonesa de tirar o fôlego! Quanta sensibilidade, quanta emoção! Serve de Reflexão sobre os danos e perdas causados por qualquer tipo de guerra. A versão com atores é tão emocionante quanto o anime, mais profundo ainda. A menininha é linda. Final maravilhoso!
Mais uma animação japonesa de tirar o fôlego! Quanta sensibilidade, quanta emoção! Serve de Reflexão sobre os danos e perdas causados por qualquer tipo de guerra. A versão com atores é tão emocionante quanto o anime, mais profundo ainda. A menininha é linda. Final maravilhoso!
A Fonte das mulheres
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Filme belíssimo! Em um pequeno vilarejo, situado entre o Norte da África e o Oriente Médio, as tradições islâmicas são seguidas a risca. Entre elas, a existência da mulher como procriadora é regra básica, mas existe uma que faz com que elas sejam as responsáveis por buscar água em um local distante e de difícil acesso, restando para os homens a tarefa de matar o tempo bebendo e falando da vida. Certo dia, Leila (Leila Bekthi), uma das mais jovens e alfabetizadas do grupo, resolve que a melhor maneira de mudar esse cenário, fazendo com que os homens assumam esta tarefa, é cortar o que eles mais gostam: O Sexo. A polêmica decisão do grupo acaba interferindo nas relações entre os habitantes e provocando uma verdadeira revolução cultural no povoado e mudando para sempre as suas vidas.
A Fonte das Mulheres - Legendado
O gato do rabino
BlogBlogs.Com.BrO gato do rabino é uma animação divertida, aborda a necessidade da tolerância religiosa, às vezes um pouco panfletário, mas o gato dá leveza ao filme. Sinopse: Argélia, 1920. O rabino Sfar vive com sua filha Zlabya, um papagaio barulhento e um gato brincalhão que começa a falar depois de engolir o papagaio. Apaixonado pela dona, Zlabya, o felino faz de tudo para ficar por perto e até aceita as condições impostas pelo rabino: aprender mais sobre o judaísmo e fazer o Bar Mitzvah. Para isso, ele embarca em uma grande aventura.
O estudante
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Este filme é pura poesia! Delicioso!!!!
O Estudante conta a aventura de Chano, um homem de 70 anos de idade, que acaba de se inscrever na universidade para estudar Literatura. Assim, se encontra com o mundo dos jovens, de costumes e tradições muito diferentes das suas. Porém, com Dom Quixote sempre como exemplo, Chano atravessa a barreira das gerações e faz novos amigos, torna-se um guia e ajuda a resolver seus problemas. Até que um forte golpe acontece em sua vida e serão agora seus jovens amigos, que terão que ajudá-lo a superar.
É simplesmente encantador este filme..
Música
"Mensaje" por Agustin Lara (Google Play • iTunes)
Artista
Agustín Lara
O Estudante conta a aventura de Chano, um homem de 70 anos de idade, que acaba de se inscrever na universidade para estudar Literatura. Assim, se encontra com o mundo dos jovens, de costumes e tradições muito diferentes das suas. Porém, com Dom Quixote sempre como exemplo, Chano atravessa a barreira das gerações e faz novos amigos, torna-se um guia e ajuda a resolver seus problemas. Até que um forte golpe acontece em sua vida e serão agora seus jovens amigos, que terão que ajudá-lo a superar.
É simplesmente encantador este filme..
Música
"Mensaje" por Agustin Lara (Google Play • iTunes)
Artista
Agustín Lara
O Estudante - Filme Completo
Porton D'Nos Ilha
https://youtu.be/xOLB5Y8UsgQ Saudoso Ildo Lobo, belíssima voz de Cabo Verde
Tubaroes Porton D'Nos Ilha
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A voz dos anjos!
Sublime!!!!! Dimash Kudaibergen, 23 anos, é um cantor cazaque, compositor e multi-instrumentista . Seus pais Kanat Kudaibergenuly Aitbayev e Svetlana Aitbayeva são cantores famosos e respeitados do Cazaquistão.
Kudaibergen é conhecido por seu amplo alcance vocal , abrangendo 5 oitavas e 9 semitons. Ele alcança as notas de fundo do registro do barítono , até as notas mais altas da soprano , e até o registro do assobio.
Kudaibergen é conhecido por seu amplo alcance vocal , abrangendo 5 oitavas e 9 semitons. Ele alcança as notas de fundo do registro do barítono , até as notas mais altas da soprano , e até o registro do assobio.
Dimash Kudaibergenov SOS of an Earthl
quarta-feira, janeiro 23, 2019
Réquiem para um amigo
Sobre o Coronel Vasco Martins Cardoso
Sonhei que estava conversando com meu meu grande amigo, o dr. Vasco Martins Cardoso, na sala dele, no laboratório de Patologia Humana, no Hospital do Câncer. Acordo num sobressalto, olho no relógio, é uma hora da manhã e faz muito frio. Não consigo mais dormir. Hoje vou à missa, e vou oferecê-la para a alma dele.
Dr. Vasco se foi no Natal de 2005, após sofrer por anos com uma doença degenerativa (parecida com o Mal de Alzheimer), diagnosticada por ele mesmo. Foi muito dolorido assistir meu mestre se definhando aos poucos, até não restar mais nada.
Antes de estudar Jornalismo na UFG, eu cursei Ciências Biomédicas, na Universidade Católica de Goiás, onde fui aluna do famoso dr. Vasco em duas disciplinas: Citologia e Patologia Humana.
No segundo semestre do curso, fui trabalhar no Hospital do Câncer e lá fiquei por quatro anos, trabalhando com ele, que se tornou meu grande amigo e conselheiro. Como estudava demais e trabalhava demais, tive intoxicação provocada pelos produtos químicos utilizados no laboratório, quase morri, e o médico me proibiu de continuar na área de saúde. Foi aí que optei pelo Jornalismo e comecei tudo de novo, mas isso é outra história...
A seguir, relato um pouco da minha convivência com o grande médico patologista, coronel da Polícia Militar de Goiás, Vasco Martins Cardoso, uma lenda na medicina goiana, que deixou muita saudade, para os que tiveram o privilégio de conviver com ele.
Réquiem para um amigo
“Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura. E voa. Voar é muito importante, tão ou mais importante que viver, que comer, pelo menos para Fernão, uma gaivota que pensa e sente o sabor do infinito.
É verdade que é caro pensar diferentemente do resto do bando, passar dias inteiros só voando, só aprendendo a voar, longe do comum dos mortais, estes que se contentam com o que são, na pobreza das limitações. Para Fernão é diferente, evoluir é necessário, a vida é o desconhecido e o desconhecível. Afinal uma gaivota que se preza tem de viver o brilho das estrelas, analisar de perto o paraíso, respirar ares mais leves e mais afáveis. Viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender. Sempre.” (BACH, Richard; Fernão Capelo Gaivota)
Após um semestre inteiro estudando matérias de Humanas, como Filosofia e Teologia, finalmente eu estudaria Citologia, a primeira matéria técnica do curso de Ciências Biomédicas, da Universidade Católica de Goiás - UCG. A expectativa era grande, primeiro pela paixão pelo mundo da Biologia Molecular, segundo pela curiosidade em conhecer o famoso professor Vasco Martins Cardoso.
Idolatrado por uns e temido por outros, o coronel Vasco era um mito entre os acadêmicos de Biomedicina da UCG. Por três décadas, ele foi patrono de todas as turmas de formandos do curso. Pelos corredores da Faculdade corria a notícia que ele só dava duas notas: dez ou zero, e o detalhe que todas as provas eram orais contribuía para assustar ainda mais os calouros.
Acostumada com a informalidade dos professores da área de Ciências Humanas, tive um impacto quando o famoso médico entrou na sala de aula. Ele trajava a farda de coronel da Polícia Militar, era extremamente formal e tinha aparência impecável: semblante sério, postura elegante, voz pausada e firme, perfume discreto. Eu tinha acabado de completar 18 anos e, naquele instante, senti que a adolescência se findava com a entrada para o mundo profissional.
Ansiosa por começar a desvendar os mistérios do mundo da ciência, outra surpresa: primeiramente o professor Vasco nos mandou ler “O maior vendedor do mundo”, de Og Mandino, e “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach. Nossa primeira aula de Citologia foi uma lição de vida. Nessa época, ainda não se conhecia o conceito de “Inteligência Emocional” e palestras e livros de auto-ajuda ainda não tinham dominado o mercado.
Assim como Fernão Capelo Gaivota, Vasco Martins Cardoso também semeou bons frutos: formou várias gerações de profissionais éticos, conscientes, atuantes e estudiosos. É claro que nem todos conseguiram vencer. Apenas os que seguiram os conselhos do mestre e aplicaram na vida os conhecimentos adquiridos com as duas primeiras leituras obrigatórias para a disciplina de Citologia, que era um ritual de passagem para a vida profissional.
=================================
“Viverei hoje como se fosse o meu último dia. Como esse dia é muito precioso, tamparei seu conteúdo de vida para que nenhuma gota se derrame na areia.
Não desperdiçarei um só segundo pensando no passado nem tampouco no futuro porque não posso transportá-los para o meu dia de hoje. Este dia é tudo o que eu tenho e estas horas são agora a minha eternidade.
Este dia é uma outra oportunidade para que eu me torne a pessoa que poderei ser. Este será o meu dia de vencer! Não o desperdiçarei com sentimentos negativos: a dúvida, enterrarei sob a fé; o medo, derrotarei com confiança.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. E se for, será meu maior monumento. Farei deste o melhor dia de minha vida. E, se não for, cairei de joelhos e agradecerei aos céus.” (MANDINO, Og; O maior vendedor do mundo – 5º pergaminho)
O segundo livro indicado pelo professor Vasco, “O maior vendedor do mundo”, trazia o restante da receita do sucesso: humildade, caridade, otimismo, coração limpo, discrição, força interior e fé em Deus (ele era kardecista).
Após duas aulas de conduta profissional, ética e perseverança, finalmente começamos a jornada pelo maravilhoso universo da Biologia Molecular. Seguro e tranquilo, o professor nos apresentou à beleza do mundo microscópico.
Cada aula era um show de conhecimento, uma novidade, mas também tinha um fundinho de tortura: durante as práticas no laboratório, enquanto manuseávamos o microscópio, o professor aproveitava para examinar nossas unhas, cabelos, pele e roupas. Se algum aluno ou aluna fosse flagrado com as unhas sujas e grandes, pele mal cuidada, cabelos desalinhados, ou roupas inadequadas e jalecos encardidos ou amassados, vinha um sermão interminável sobre a apresentação pessoal de um profissional da área de saúde... Ele também nos lembrava constantemente de que, “fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Portanto, não podíamos ser desleixados.”
No decorrer de todas as aulas, ele falava um número qualquer e, ao conferir o nome na lista de chamada, o aluno “sorteado” era sabatinado sobre o assunto da aula anterior, se respondesse corretamente, ganhava nota dez; caso não soubesse, ou a resposta fosse incompleta, ou até mesmo se demorasse pensando, a nota era zero. Essas provas orais aconteciam todas as aulas. Ninguém escapava, mas quem tirava zero tinha oportunidade de tirar dez nas provas seguintes. Para se recuperar, bastava estudar.
Hierarquia militar
No sexto período, o professor Vasco lecionava Patologia. Uma matéria deliciosa, apesar da constante tensão dos alunos com as provas orais. Ainda me lembro das comparações com a hierarquia militar: “O monócito é o comando geral, é a célula grande que dá a ordem. Os linfócitos são os soldados de infantaria, aqueles que vão para a frente de batalha para enfrentar o inimigo, corpo-a-corpo.” Cada aula era um show, ricamente ilustrado com slides, e prendia completamente a atenção da turma.
Ainda no segundo período da Faculdade, tive o privilégio de ir trabalhar no Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás e, posteriormente, no Laboratório CAPC, à época propriedade do dr. Vasco Martins Cardoso, dr. Élbio Cândido de Paula, dra. Yara Rocha Ximenes e dra Tamara Teixeira. Dr. Élbio e dra. Yara continuam firmes no comando do C.A.P.C.
Ao todo, foram quase cinco anos de convivência diária, que se transformaram em uma amizade transparente, sincera, profunda. Nos momentos difíceis, dividíamos nossas angústias. Aos poucos, eu ia moldando minha identidade profissional, principalmente com os “puxões de orelha” necessários. Carinhosamente, ele me chamava de “Soldado MJ” e eu batia continência.
O professor realmente praticava os ensinamentos que nos passava, porém no ambiente de trabalho era informal, simpático, uma pessoa leve, que pagava pão-de-queijo para todo mundo e lanchava com os funcionários.
Curiosos, os colegas de faculdade sempre me perguntavam como era o temido professor fora da sala de aula. Muitos não acreditavam quando eu contava que ele era brincalhão, às vezes fazia trapalhadas e ria de si mesmo.
"Garantia"
Ao final do expediente no CAPC (Centro de Anatomia Patológica e Citologia), dr. Vasco sempre me dava carona até a Universidade. Certo dia, fomos lanchar numa recém-inaugurada lanchonete no setor Universitário e nos fartamos de pizza e suco de laranja. Na hora de pagar a conta, o chefe havia esquecido a carteira no laboratório (no setor Aeroporto), e eu só tinha vale-transporte para pagar o ônibus. Sem graça, ele explicou a situação para o gerente, me deixou lá “como garantia” e foi buscar a carteira. Com o trânsito terrível, ele demorou quase uma hora e eu já estava constrangida com os olhares de desconfiança do pessoal da lanchonete. Passado o vexame, demos boas gargalhadas.
Descobri que todas as provas eram orais somente porque o coronel trabalhava em vários lugares e não tinha tempo para corrigir provas escritas. Quanto ao rigor excessivo com os alunos, ele me respondia sorrindo: “tenho muitos defeitos, mas quero que meus alunos sejam perfeitos. Além do mais, se eu não for firme, sei que vocês não estudarão.”
Quando optei por seguir a carreira de jornalista, além de enfrentar a fúria da minha família (que ainda não me perdoou pela escolha...), também tive que enfrentar o chefe. Numa cena inesquecível, dr. Vasco tirou o cinto e, me mostrando o cinto dobrado, em atitude ameaçadora, trancou a porta da sala e ficou mais de uma hora esbravejando, tentando me convencer a não entrar para o mundo do Jornalismo. Foi a única vez que ele se zangou comigo.
Mais de uma década depois, bastante ferida pelos espinhos do Jornalismo, e muito sofrida por um casamento mal sucedido, fui desabafar com o meu melhor amigo, no Laboratório Imunolab. Ele não hesitou em ressaltar que tinha me avisado que, por ser muito sensível, eu não suportaria a pressão do mundo competitivo e desleal da Comunicação, que vive em função do jogo sujo do poder.
Após uma longa, sincera e dolorida conversa, dr. Vasco me pediu que nunca parasse de estudar e trabalhar, e me lembrou que para mim ainda havia tempo para uma nova mudança de rumos. Na ocasião, ele me explicou sua doença detalhadamente, me mostrou alguns exames que confirmavam quatro calcificações no cérebro, e disse que sabia que o tempo dele tinha se esgotado.
Nos despedimos com um abraço fraterno e, quando me virei para ir embora, ele ainda repetiu: “Não se esqueça: trabalhar e estudar, sempre. Além disso, o resto é ilusão”. Senti um aperto no coração, um mau presságio. E assim foi nosso último encontro. Eu não quis vê-lo na fase avançada da doença e nem fui ao funeral. Ele se foi no natal de 2005 e eu optei por guardar sua imagem cheio de vida.
* A foto acima foi tirada em 1988, de roupa branca, com 20 anos de idade, eu sequer imaginava que minha vida fosse tomar rumos tão diferentes. Na época, eu sonhava em me especializar em Imunohistoquímica ... Menos de dois anos depois, minha vida deu um giro de 180 graus, se pra melhor ou pior, não há como avaliar...
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Eliana Silva (enfermeira) disse...
Senhora Maria,muito bom seu texto sobre o coronel Vasco.
Eu o conheci na Fundação Leide das Neves há muitos anos e conheço o trabalho que ele desenvolveu na PM e na saúde pública,especialmente no Hospital Araújo Jorge,onde trabalhei.
Era um homem diferente,aparentemente sisudo mas que na verdade era carinhoso,afável,companheiro e sempre pronto a ajudar as pessoas.
Soube da morte dele em 2006,quando conheci a filha dele (Pollyanna)na secretaria de saúde.
Hoje tenho muita admiração pelos dois, pai e filha,que são muito parecidos na educação,no carisma pessoal e na disposição em trabalhar e ajudar o próximo.
O coronel morreu como herói do episódio do Cesio 137, mas não figura em nenhuma homenagem,nem nos programas de tv sobre o acidente.
Como você é jornalista agora, por que não faz uma reportagem sobre isso?
Os jornais nunca o citam e ele foi o único a questionar o governo e as autoridades sanitárias da época, que tentaram abafar o caso e suas consequencias.
O coronel, médico e professor Vasco não pode ser esquecido,e nem foi citado no livro História da Medicina em Goiás.
Faça justiça à memória dele, se puder. Obrigada a senhora.
Enfermeira Eliana,
É com grande emoção que recebo seu email.
Gostaria de encontrá-la pessoalmente para conversarmos melhor.
O dr. Vasco foi injustiçado várias vezes, por dizer a verdade.
Lembro-me dele subindo e descendo as escadarias do laboratório (de dois em dois degraus, rsss) esbravejando...
No episódio do Césio 137, por ser coronel da polícia militar, lembro-me que ele foi preso no quartel por alguns dias e foi severamente repreendido, por dar declarações públicas sobre a real gravidade do acidente radioativo em Goiânia.
Como o tempo é senhor da razão, duas décadas se passaram e as profecias dele estão aí...
Por tudo isso, nosso saudoso dr. Vasco não recebeu as devidas homenagens póstumas e muito menos em vida.
Obrigada
Maria José Sá
Polliana Martins disse...
Oi,querida Zezé.Pensando no meu pai (e olhando uma foto dele que deixo junto a uma de minha mãe na minha mesa na Secretaria Municipal de Saúde),fui pesquisar sobre ele no Google e vi seu blog.
Fiquei comovida lendo tudo e a foto de vocês dois juntos me levou às lágrimas.
Sinto muito a falta dele,da mamãe e do vovô,só não me entrego ao abandono total porque tenho que ser forte para seguir em frente "trabalhando e estudando" (como ele dizia) e tenho que cuidar da minha avó.
Sei que o papai seguia muito pouco da teoria pregada por ele na vida pessoal,mas na vida profissional ele literalmente arrasava.Era o máximo. E, agora, tempos depois,a saudade tem apagado todos os defeitos dele...só me recordo do companheiro de intermináveis conversas sobre fazenda, medicina, política, espiritismo, gibis da Disney (rsrsrsrs)e etc.
Lembro-me dele me ensinando a andar a cavalo e dizendo:"corrija a postura, olhar altivo, você está na corte da Inglaterra" e caímos na risada.
E lembro de quando você me presenteou com o "Tô Vivu" na época em que trabalhamos juntas no CAPC. Ele viu o livro,leu sua dedicatória e disparou algo mais ou menos assim:"você e a Maria José, se não descobrirem algo de bom no Marxismo, vão enlouquecer."
Não vou falar do Marxismo, mas descobri muita coisa boa na vida e guardo com carinho infinito a lembrança de meu pai.
Ao ouvir "Romaria", sempre o vejo buscando o gado comigo na invernada e assobiando...eu fui muito feliz com o velho.
Polliana Martins
# 27. March 2010, 18:08
Dr. Sebastião Moreira writes: Como é bom ver a expressão de felicidade do meu querido colega e amigo Vasco Martins Cardoso, companheiro de grandes jornadas, conselheiro das horas difíceis e que você homenageia de forma tão simples, mas verdadeira. Esse é um dos que posso afirmar que foi um grande amigo que guardo a 7 chaves do lado esquerdo do peito. E de longas discussões sobre espiritismo, medicina, ética médica, filosofia e tantas outras coisas. Como era um espirito de luz, creio que "qualquer dia, qualquer hora, seja onde for, a gente se encontra prá falar de amor". E agora acabo de descobrir que a Polliana, assessora de imprensa da Secretaria Municipal de Saude de Goiânia, a quem gratidão por orientar-me nas horas difíceis na relação com a imprensa, é filha do Vasco.PARABÉNS PELA CRÔNICA.
Friday, November 6, 2009 9:46:00 AM
Sonhei que estava conversando com meu meu grande amigo, o dr. Vasco Martins Cardoso, na sala dele, no laboratório de Patologia Humana, no Hospital do Câncer. Acordo num sobressalto, olho no relógio, é uma hora da manhã e faz muito frio. Não consigo mais dormir. Hoje vou à missa, e vou oferecê-la para a alma dele.
Dr. Vasco se foi no Natal de 2005, após sofrer por anos com uma doença degenerativa (parecida com o Mal de Alzheimer), diagnosticada por ele mesmo. Foi muito dolorido assistir meu mestre se definhando aos poucos, até não restar mais nada.
Antes de estudar Jornalismo na UFG, eu cursei Ciências Biomédicas, na Universidade Católica de Goiás, onde fui aluna do famoso dr. Vasco em duas disciplinas: Citologia e Patologia Humana.
No segundo semestre do curso, fui trabalhar no Hospital do Câncer e lá fiquei por quatro anos, trabalhando com ele, que se tornou meu grande amigo e conselheiro. Como estudava demais e trabalhava demais, tive intoxicação provocada pelos produtos químicos utilizados no laboratório, quase morri, e o médico me proibiu de continuar na área de saúde. Foi aí que optei pelo Jornalismo e comecei tudo de novo, mas isso é outra história...
A seguir, relato um pouco da minha convivência com o grande médico patologista, coronel da Polícia Militar de Goiás, Vasco Martins Cardoso, uma lenda na medicina goiana, que deixou muita saudade, para os que tiveram o privilégio de conviver com ele.
Réquiem para um amigo
“Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura. E voa. Voar é muito importante, tão ou mais importante que viver, que comer, pelo menos para Fernão, uma gaivota que pensa e sente o sabor do infinito.
É verdade que é caro pensar diferentemente do resto do bando, passar dias inteiros só voando, só aprendendo a voar, longe do comum dos mortais, estes que se contentam com o que são, na pobreza das limitações. Para Fernão é diferente, evoluir é necessário, a vida é o desconhecido e o desconhecível. Afinal uma gaivota que se preza tem de viver o brilho das estrelas, analisar de perto o paraíso, respirar ares mais leves e mais afáveis. Viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender. Sempre.” (BACH, Richard; Fernão Capelo Gaivota)
Após um semestre inteiro estudando matérias de Humanas, como Filosofia e Teologia, finalmente eu estudaria Citologia, a primeira matéria técnica do curso de Ciências Biomédicas, da Universidade Católica de Goiás - UCG. A expectativa era grande, primeiro pela paixão pelo mundo da Biologia Molecular, segundo pela curiosidade em conhecer o famoso professor Vasco Martins Cardoso.
Idolatrado por uns e temido por outros, o coronel Vasco era um mito entre os acadêmicos de Biomedicina da UCG. Por três décadas, ele foi patrono de todas as turmas de formandos do curso. Pelos corredores da Faculdade corria a notícia que ele só dava duas notas: dez ou zero, e o detalhe que todas as provas eram orais contribuía para assustar ainda mais os calouros.
Acostumada com a informalidade dos professores da área de Ciências Humanas, tive um impacto quando o famoso médico entrou na sala de aula. Ele trajava a farda de coronel da Polícia Militar, era extremamente formal e tinha aparência impecável: semblante sério, postura elegante, voz pausada e firme, perfume discreto. Eu tinha acabado de completar 18 anos e, naquele instante, senti que a adolescência se findava com a entrada para o mundo profissional.
Ansiosa por começar a desvendar os mistérios do mundo da ciência, outra surpresa: primeiramente o professor Vasco nos mandou ler “O maior vendedor do mundo”, de Og Mandino, e “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach. Nossa primeira aula de Citologia foi uma lição de vida. Nessa época, ainda não se conhecia o conceito de “Inteligência Emocional” e palestras e livros de auto-ajuda ainda não tinham dominado o mercado.
Lembranças
Passaram-se exatos 23 anos e, para redigir esse texto, reli os livros indicados pelo mestre, já amarelados pelo tempo. Concluo que, se tivesse seguido os sábios conselhos desde o primeiro dia de aula, teria evitado muito sofrimento. Mas como o próprio dr. Vasco me dizia, naquela época, meu maior defeito era “a rebeldia da juventude”...Estudar e trabalhar
Fernão Capelo era uma gaivota que queria voar alto, consequentemente, foi banido pelo grupo que não aceitava quem tentava fugir da mediocridade. É a história de um vencedor, aquele que venceu a dor, como o próprio Vasco. Logo no primeiro dia de aula, ele esclareceu que o mundo profissional é altamente competitivo e apenas os fortes vencem. “E não há outra saída: quem quer vencer tem que estudar e trabalhar, até o fim da vida.” E foi isto que ele fez a vida toda: trabalhou e estudou.Assim como Fernão Capelo Gaivota, Vasco Martins Cardoso também semeou bons frutos: formou várias gerações de profissionais éticos, conscientes, atuantes e estudiosos. É claro que nem todos conseguiram vencer. Apenas os que seguiram os conselhos do mestre e aplicaram na vida os conhecimentos adquiridos com as duas primeiras leituras obrigatórias para a disciplina de Citologia, que era um ritual de passagem para a vida profissional.
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“Viverei hoje como se fosse o meu último dia. Como esse dia é muito precioso, tamparei seu conteúdo de vida para que nenhuma gota se derrame na areia.
Não desperdiçarei um só segundo pensando no passado nem tampouco no futuro porque não posso transportá-los para o meu dia de hoje. Este dia é tudo o que eu tenho e estas horas são agora a minha eternidade.
Este dia é uma outra oportunidade para que eu me torne a pessoa que poderei ser. Este será o meu dia de vencer! Não o desperdiçarei com sentimentos negativos: a dúvida, enterrarei sob a fé; o medo, derrotarei com confiança.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. E se for, será meu maior monumento. Farei deste o melhor dia de minha vida. E, se não for, cairei de joelhos e agradecerei aos céus.” (MANDINO, Og; O maior vendedor do mundo – 5º pergaminho)
O segundo livro indicado pelo professor Vasco, “O maior vendedor do mundo”, trazia o restante da receita do sucesso: humildade, caridade, otimismo, coração limpo, discrição, força interior e fé em Deus (ele era kardecista).
Após duas aulas de conduta profissional, ética e perseverança, finalmente começamos a jornada pelo maravilhoso universo da Biologia Molecular. Seguro e tranquilo, o professor nos apresentou à beleza do mundo microscópico.
Cada aula era um show de conhecimento, uma novidade, mas também tinha um fundinho de tortura: durante as práticas no laboratório, enquanto manuseávamos o microscópio, o professor aproveitava para examinar nossas unhas, cabelos, pele e roupas. Se algum aluno ou aluna fosse flagrado com as unhas sujas e grandes, pele mal cuidada, cabelos desalinhados, ou roupas inadequadas e jalecos encardidos ou amassados, vinha um sermão interminável sobre a apresentação pessoal de um profissional da área de saúde... Ele também nos lembrava constantemente de que, “fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Portanto, não podíamos ser desleixados.”
No decorrer de todas as aulas, ele falava um número qualquer e, ao conferir o nome na lista de chamada, o aluno “sorteado” era sabatinado sobre o assunto da aula anterior, se respondesse corretamente, ganhava nota dez; caso não soubesse, ou a resposta fosse incompleta, ou até mesmo se demorasse pensando, a nota era zero. Essas provas orais aconteciam todas as aulas. Ninguém escapava, mas quem tirava zero tinha oportunidade de tirar dez nas provas seguintes. Para se recuperar, bastava estudar.
Hierarquia militar
No sexto período, o professor Vasco lecionava Patologia. Uma matéria deliciosa, apesar da constante tensão dos alunos com as provas orais. Ainda me lembro das comparações com a hierarquia militar: “O monócito é o comando geral, é a célula grande que dá a ordem. Os linfócitos são os soldados de infantaria, aqueles que vão para a frente de batalha para enfrentar o inimigo, corpo-a-corpo.” Cada aula era um show, ricamente ilustrado com slides, e prendia completamente a atenção da turma.
Ainda no segundo período da Faculdade, tive o privilégio de ir trabalhar no Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás e, posteriormente, no Laboratório CAPC, à época propriedade do dr. Vasco Martins Cardoso, dr. Élbio Cândido de Paula, dra. Yara Rocha Ximenes e dra Tamara Teixeira. Dr. Élbio e dra. Yara continuam firmes no comando do C.A.P.C.
Ao todo, foram quase cinco anos de convivência diária, que se transformaram em uma amizade transparente, sincera, profunda. Nos momentos difíceis, dividíamos nossas angústias. Aos poucos, eu ia moldando minha identidade profissional, principalmente com os “puxões de orelha” necessários. Carinhosamente, ele me chamava de “Soldado MJ” e eu batia continência.
O professor realmente praticava os ensinamentos que nos passava, porém no ambiente de trabalho era informal, simpático, uma pessoa leve, que pagava pão-de-queijo para todo mundo e lanchava com os funcionários.
Curiosos, os colegas de faculdade sempre me perguntavam como era o temido professor fora da sala de aula. Muitos não acreditavam quando eu contava que ele era brincalhão, às vezes fazia trapalhadas e ria de si mesmo.
"Garantia"
Ao final do expediente no CAPC (Centro de Anatomia Patológica e Citologia), dr. Vasco sempre me dava carona até a Universidade. Certo dia, fomos lanchar numa recém-inaugurada lanchonete no setor Universitário e nos fartamos de pizza e suco de laranja. Na hora de pagar a conta, o chefe havia esquecido a carteira no laboratório (no setor Aeroporto), e eu só tinha vale-transporte para pagar o ônibus. Sem graça, ele explicou a situação para o gerente, me deixou lá “como garantia” e foi buscar a carteira. Com o trânsito terrível, ele demorou quase uma hora e eu já estava constrangida com os olhares de desconfiança do pessoal da lanchonete. Passado o vexame, demos boas gargalhadas.
Descobri que todas as provas eram orais somente porque o coronel trabalhava em vários lugares e não tinha tempo para corrigir provas escritas. Quanto ao rigor excessivo com os alunos, ele me respondia sorrindo: “tenho muitos defeitos, mas quero que meus alunos sejam perfeitos. Além do mais, se eu não for firme, sei que vocês não estudarão.”
Jornalismo
Quando optei por seguir a carreira de jornalista, além de enfrentar a fúria da minha família (que ainda não me perdoou pela escolha...), também tive que enfrentar o chefe. Numa cena inesquecível, dr. Vasco tirou o cinto e, me mostrando o cinto dobrado, em atitude ameaçadora, trancou a porta da sala e ficou mais de uma hora esbravejando, tentando me convencer a não entrar para o mundo do Jornalismo. Foi a única vez que ele se zangou comigo.Mais de uma década depois, bastante ferida pelos espinhos do Jornalismo, e muito sofrida por um casamento mal sucedido, fui desabafar com o meu melhor amigo, no Laboratório Imunolab. Ele não hesitou em ressaltar que tinha me avisado que, por ser muito sensível, eu não suportaria a pressão do mundo competitivo e desleal da Comunicação, que vive em função do jogo sujo do poder.
Despedida
Após uma longa, sincera e dolorida conversa, dr. Vasco me pediu que nunca parasse de estudar e trabalhar, e me lembrou que para mim ainda havia tempo para uma nova mudança de rumos. Na ocasião, ele me explicou sua doença detalhadamente, me mostrou alguns exames que confirmavam quatro calcificações no cérebro, e disse que sabia que o tempo dele tinha se esgotado.Nos despedimos com um abraço fraterno e, quando me virei para ir embora, ele ainda repetiu: “Não se esqueça: trabalhar e estudar, sempre. Além disso, o resto é ilusão”. Senti um aperto no coração, um mau presságio. E assim foi nosso último encontro. Eu não quis vê-lo na fase avançada da doença e nem fui ao funeral. Ele se foi no natal de 2005 e eu optei por guardar sua imagem cheio de vida.
* A foto acima foi tirada em 1988, de roupa branca, com 20 anos de idade, eu sequer imaginava que minha vida fosse tomar rumos tão diferentes. Na época, eu sonhava em me especializar em Imunohistoquímica ... Menos de dois anos depois, minha vida deu um giro de 180 graus, se pra melhor ou pior, não há como avaliar...
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Eliana Silva (enfermeira) disse...
Senhora Maria,muito bom seu texto sobre o coronel Vasco.
Eu o conheci na Fundação Leide das Neves há muitos anos e conheço o trabalho que ele desenvolveu na PM e na saúde pública,especialmente no Hospital Araújo Jorge,onde trabalhei.
Era um homem diferente,aparentemente sisudo mas que na verdade era carinhoso,afável,companheiro e sempre pronto a ajudar as pessoas.
Soube da morte dele em 2006,quando conheci a filha dele (Pollyanna)na secretaria de saúde.
Hoje tenho muita admiração pelos dois, pai e filha,que são muito parecidos na educação,no carisma pessoal e na disposição em trabalhar e ajudar o próximo.
O coronel morreu como herói do episódio do Cesio 137, mas não figura em nenhuma homenagem,nem nos programas de tv sobre o acidente.
Como você é jornalista agora, por que não faz uma reportagem sobre isso?
Os jornais nunca o citam e ele foi o único a questionar o governo e as autoridades sanitárias da época, que tentaram abafar o caso e suas consequencias.
O coronel, médico e professor Vasco não pode ser esquecido,e nem foi citado no livro História da Medicina em Goiás.
Faça justiça à memória dele, se puder. Obrigada a senhora.
Enfermeira Eliana,
É com grande emoção que recebo seu email.
Gostaria de encontrá-la pessoalmente para conversarmos melhor.
O dr. Vasco foi injustiçado várias vezes, por dizer a verdade.
Lembro-me dele subindo e descendo as escadarias do laboratório (de dois em dois degraus, rsss) esbravejando...
No episódio do Césio 137, por ser coronel da polícia militar, lembro-me que ele foi preso no quartel por alguns dias e foi severamente repreendido, por dar declarações públicas sobre a real gravidade do acidente radioativo em Goiânia.
Como o tempo é senhor da razão, duas décadas se passaram e as profecias dele estão aí...
Por tudo isso, nosso saudoso dr. Vasco não recebeu as devidas homenagens póstumas e muito menos em vida.
Obrigada
Maria José Sá
Polliana Martins disse...
Oi,querida Zezé.Pensando no meu pai (e olhando uma foto dele que deixo junto a uma de minha mãe na minha mesa na Secretaria Municipal de Saúde),fui pesquisar sobre ele no Google e vi seu blog.
Fiquei comovida lendo tudo e a foto de vocês dois juntos me levou às lágrimas.
Sinto muito a falta dele,da mamãe e do vovô,só não me entrego ao abandono total porque tenho que ser forte para seguir em frente "trabalhando e estudando" (como ele dizia) e tenho que cuidar da minha avó.
Sei que o papai seguia muito pouco da teoria pregada por ele na vida pessoal,mas na vida profissional ele literalmente arrasava.Era o máximo. E, agora, tempos depois,a saudade tem apagado todos os defeitos dele...só me recordo do companheiro de intermináveis conversas sobre fazenda, medicina, política, espiritismo, gibis da Disney (rsrsrsrs)e etc.
Lembro-me dele me ensinando a andar a cavalo e dizendo:"corrija a postura, olhar altivo, você está na corte da Inglaterra" e caímos na risada.
E lembro de quando você me presenteou com o "Tô Vivu" na época em que trabalhamos juntas no CAPC. Ele viu o livro,leu sua dedicatória e disparou algo mais ou menos assim:"você e a Maria José, se não descobrirem algo de bom no Marxismo, vão enlouquecer."
Não vou falar do Marxismo, mas descobri muita coisa boa na vida e guardo com carinho infinito a lembrança de meu pai.
Ao ouvir "Romaria", sempre o vejo buscando o gado comigo na invernada e assobiando...eu fui muito feliz com o velho.
Polliana Martins
# 27. March 2010, 18:08
Dr. Sebastião Moreira writes: Como é bom ver a expressão de felicidade do meu querido colega e amigo Vasco Martins Cardoso, companheiro de grandes jornadas, conselheiro das horas difíceis e que você homenageia de forma tão simples, mas verdadeira. Esse é um dos que posso afirmar que foi um grande amigo que guardo a 7 chaves do lado esquerdo do peito. E de longas discussões sobre espiritismo, medicina, ética médica, filosofia e tantas outras coisas. Como era um espirito de luz, creio que "qualquer dia, qualquer hora, seja onde for, a gente se encontra prá falar de amor". E agora acabo de descobrir que a Polliana, assessora de imprensa da Secretaria Municipal de Saude de Goiânia, a quem gratidão por orientar-me nas horas difíceis na relação com a imprensa, é filha do Vasco.PARABÉNS PELA CRÔNICA.
quarta-feira, dezembro 14, 2016
domingo, abril 05, 2015
O pão da vida
Domingo de Páscoa e festas juninas são as melhores lembranças da minha infância católica. Eu cantava no coral infantil da igreja e a missa das crianças era 8h, na igreja Nossa Senhora da Saúde/SP.
Por meses a irmã Lúcia nos preparava para a missa especial do domingo de Páscoa. Era muita animação! Foi uma infância feliz. As músicas ainda ecoam na minha cabeça. Muito longe ainda posso ouvir: "O pão da vida, a comunhão, nos une ao Cristo e aos irmãos, e nos ensina abrir as mãos, para partir e repartir o pão." Não sou mais católica, mas Cristo está cada vez mais vivo no meu coração. "A casa do meu Pai tem muitas moradas".
BlogBlogs.Com.Br
Por meses a irmã Lúcia nos preparava para a missa especial do domingo de Páscoa. Era muita animação! Foi uma infância feliz. As músicas ainda ecoam na minha cabeça. Muito longe ainda posso ouvir: "O pão da vida, a comunhão, nos une ao Cristo e aos irmãos, e nos ensina abrir as mãos, para partir e repartir o pão." Não sou mais católica, mas Cristo está cada vez mais vivo no meu coração. "A casa do meu Pai tem muitas moradas".
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quinta-feira, março 26, 2015
Doce de jiló
Eis o famoso "doce de jiló" em calda, com cravo e canela. Delicioso e sem amargor! Sempre tive vontade de experimentar, achei um pacotinho de jiló perdido na geladeira e mandei ver! Ofereci para 2 cobaias sem dizer o que era. Uma afirmou que era doce de casca de laranja e a outra que era doce de figo. Aprovadíssimo! Experimentem, vale a pena.
Receita:
Corte os jilós em 4, afervente, escorra, enxague e coloque de molho em água fria, na geladeira, por 2 dias. Troque a água duas vezes por dia.
No terceiro dia, escorra, enxague, afervente, enxague e depois cozinhe os jilós numa calda feita com açúcar, cravo e canela. Deixe cozinhar até ficarem macios. Depois de frio não fica amargo e parece doce de figo. Pode servir com creme de leite ou requeijão cremoso.
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Receita:
Corte os jilós em 4, afervente, escorra, enxague e coloque de molho em água fria, na geladeira, por 2 dias. Troque a água duas vezes por dia.
No terceiro dia, escorra, enxague, afervente, enxague e depois cozinhe os jilós numa calda feita com açúcar, cravo e canela. Deixe cozinhar até ficarem macios. Depois de frio não fica amargo e parece doce de figo. Pode servir com creme de leite ou requeijão cremoso.
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Maria
Maria mãe, menina ,mulher...
Maria meiga, amada, amante...
Maria que reza, imaculada ao alta!
Maria mãe de jesus, reluz a luz que envolve ao meio dia...
Ó Maria! Tu és a bonita mulher do lampião, tem até a mulher do seu João, aquele da padaria.
Ó Maria, tu es cheia de graça, e mesmo sem graça? é Maria! és amada, sorria! mesmo estando sem graça, seu gingado em lata na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria!
Pegando o ônibus, na madrugada, subindo o morro, chorando, sorrindo, amando, desistindo, lutando, brigando, simples assim és tu Maria, negra, branca, valente és a mãe de todas as nações...
Essa é para ti Maria Maria srsrsr Edna Soares
*presente da minha amiga Edna Soares
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Maria que reza, imaculada ao alta!
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Ó Maria! Tu és a bonita mulher do lampião, tem até a mulher do seu João, aquele da padaria.
Ó Maria, tu es cheia de graça, e mesmo sem graça? é Maria! és amada, sorria! mesmo estando sem graça, seu gingado em lata na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria!
Pegando o ônibus, na madrugada, subindo o morro, chorando, sorrindo, amando, desistindo, lutando, brigando, simples assim és tu Maria, negra, branca, valente és a mãe de todas as nações...
Essa é para ti Maria Maria srsrsr Edna Soares
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Fiquei muito feliz e muito grata que voces o eligou neste blog.
Realmente, meu irmao foi um dos grandes que Deus nos eviou pra nos dar bons exemplos.
Encontrei esse blog, porque hoje tive que fazer uma homenagem em escrita um de nossos antecedentes, para ser apresentada em uma aula sobre genealogias que minha filha vai ter neste Domingo proximo. Entao, escolhi o Vasco porque ele sempre foi meu heroi. Depois que enteguei o papel para a professora de minha filha ela entao entrou na Internet para ver mais sobre ele, entao, ela encontrou esse blog e o me enviou, e foi assim que encontrei as homenagens que voces os prestaram...Muito obrigada.
E Poliana, que lindo a sua homenagem tambem. Tudo bem filha? quando tiver um tempinho me mande um email, voce pode pegar o meu email address com a Lia.
Beijos e todas, e muito obrigada.
Eliana Mackley.
Precisamos nos ver, vamos combinar, meu email é mariajosesa1@gmail.com
Obrigada pela surpresa, que me deixou tão feliz!
beijosssssssssssssss
Olho pra trás e vejo que minha "fase quixotesca" foi uma das melhores épocas da minha vida...
Vamos nos encontrar um dia, a Polli tem meu telefone. bj
Mas eu gostava do dr. Vasco porque ele era diferente, e no trabalho mostrava o lado humano, sempre ajudando muitas pessoas pobres que o procuravam, incluindo muitas famílias de doentes mentais e de portadores de doenças crônicas, em busca de remédios de alto custo e até mesmo de alimentos. Várias vezes, o vi pegar a carteira e dar dinheiro pra quem realmente precisava.
Mesmo com a mesa cheia de exames, ele sempre atendia todos que o procuravam, independente da classe social. Nunca mandou dizer que não estava.Do mais rico ao mais pobre, todos atendidos com a mesma educação. Ele pode ter falhado em muitas coisas, mas sempre foi fiel ao princípio da caridade, um dos pilares do espiritismo, e era isso que eu admirava.
O chefe gostava do mito de "professor carrasco", mas consegui que ele parasse tratar os alunos como soldados. Combinamos que a rigidez militar ficaria somente no quartel.Nos últimos anos, ele até já participava de rodinhas de bate-papo com alunos nos intervalos! Mérito meu! kkkkkkkkkk
Meu Deus, olho pra trás e vejo o quanto eu era doidinha, e o quanto ele foi tolerante!kkkkkkkkk
No HAJ convivi com outros médicos maravilhosos, como o dr Geraldo Queiroz, dr. João Arruda, dr. Carlos Inácio, dr Raul e dra. Letícia Chavarria, dra. Cristina Fanti. (Tb tinha os que não vale a pena lembrar que existem...)Os funcionários formavam uma grande família (literalmente, rsssssss).
No jornalismo foi uma decepção total, não existe nada disso e, passados 21 anos, ainda não consegui me adaptar, e nem vou conseguir. A galera da comunicação (salvo algumas poucas exceções) "não é, e nunca será, a minha turma".
Não conheço o Tião, mas um dia irei visitá-los no colégio, só pra rirmos um pouco desse tempo bom! beijo
Para você: http://www.youtube.com/watch?v=zRQJQL6oRFs
Também herdei algumas manias dele, algumas imperdoáveis para um jornalista em Goiás, como a ética profissional e o respeito ao próximo...
Obrigada a todos pela oportunidade de recordar momentos tão maravilhosos da minha vida.
beijos